Hoje poderia...

Perdoem-me as almas que por aqui se atrevem a passar, pela ausência descompassada que não me levou a lado nenhum… infelizmente não foi a nenhures!


Hoje poderia falar do das minhas vitórias, no entanto são as derrotas não passadas que me fazem sofrer e me lembram do quão pequena e insignificante eu sou!

Hoje poderia falar do sol e da sua graça. Poderia explicar mil teorias da conspiração acerca do seu calor e brilho. Mas o que realmente me importa é a chuva que me bate na cara e arrepia o espírito. Essa mesma chuva que vejo bater na janela e nada me diz…

Poderia falar dos que me fazem rir, dos que tenho saudades, dos que adoro acima de tudo. No entanto são os que me magoaram ou desiludiram que fizeram correr lágrimas. Podem ter caído na indiferença, mas nunca mais voltaram a ter-me como antes.

Poderia falar de flores e que vejo florescer no jardim à porta de casa, mas são as pedras em que tropeço que me fazem temer o caminho.

Poderia falar dos meus sonhos de mudar o mundo, de ir para África, de querer adoptar uma criança, de ter um gato que se chame Napoleão, de aprender a tocar guitarra, de aprender Braille e linguagem gestual… mas são os medos de um amanhã tão próximo e tão assustador que me apertam o coração e me reprimem os movimentos…

Poderia falar de músicas alegres e mexidas, daquelas que me deixam a dançar até cair para o lado… mas são os tons graves e baixos que me atraem!

Um desejo: que tudo se acerte, por obra graça de uma “mão invisível”.

Um pedido: não me deixes cair agora! Dá-me sinais!

Uma esperança: que amanhã acorde com vontade de enfrentar esta guerra cheia de batalhas a que resolveram chamar vida!

Hoje… decididamente é um bom dia para ler Marco Aurélio.

Por algures procurando Nenhures,

Boo